T-6 – uma lenda da aviação

 Por Guilherme Castro

Qualquer pessoa que goste de aviação o conhece. Quem já teve o prazer de assistir a sua decolagem ou a um rasante, conhece o ronco de seu motor. Atuou com distinção em mais de 40 forças aéreas, dentre as quais o Brasil. Mais de 80 aeronaves foram construídas sob licença no Parque de Aeronáutica de Lagoa Santa em Minas Gerais. Até sua desativação em 1977, o bravo “ Temeia” serviu à nossa FAB como treinador avançado, ataque, patrulheiro, ligação e demonstrador aéreo. Muito conhecido das antigas gerações, o nome T-6 é ligado instantaneamente à Esquadrilha da Fumaça, que tornou-se “Embaixadora” da Força Aérea Brasileira nos céus do mundo, levando em suas asas, as cores de nossa bandeira e mostrando o alto grau de destreza de nossos pilotos. Foram construídas mais de 16 mil unidades, passou pela 2ª Guerra Mundial, atuou na Guerra da Coréia e em conflitos localizados em diversas partes do mundo.

Academy / HTC, edição especial, 1/72

Este belo kit com o código 72004 é composto de três árvores injetadas em plástico cinza contendo 40 peças finamente moldadas em alto relevo, e cinco partes transparentes. A folha de decais permite a decoração de quatro três aeronaves, a saber: Esquadrilha da Fumaça em sua 3ª pintura, Academia da Força Aérea e do ERA – (ERA 31 e ERA 41) Esquadrão de Reconhecimento e Ataque.

Montando e pintando o T-6

O folheto de instruções é muito bem feito, permitindo uma rápida visualização dos desenhos das peças a serem utilizadas nas etapas de montagem. Como de praxe, iniciamos com o interior do cockpit, que para a escala é muito bem detalhado, incluindo os consoles laterais, assoalho, manches duplos e painéis. Pena que a Academy esqueceu de adicionar uma pecinha de nada que poderia representar o rádio, que fica logo atrás do segundo assento.

Após passar o primer em todas as peças que formam o conjunto do interior, as duas partes internas da fuselagem, caixas de rodas e portas dos trens de pouso, apliquei a cor Interior Green.

Utilizei a cor preta para pintar as coberturas e painéis de controle, empunhadura dos manches e detalhes dos consoles laterais. Antes de fechar as partes que compõe as asas e fuselagem, fiz um leve “wash” com tinta preta da Valejo, bem diluída, para realçar os detalhes. Com a utilização de fita crepe com pintura havana, fiz os cintos dos assentos, com detalhes em caneta prateada, para dar a impressão das fivelas.

A colagem das asas com a fuselagem é muito fácil, pois todas as peças se encaixam perfeitamente, permitindo uma montagem muito tranquila. Optei por fazer a carlinga fechada, sendo que o mascaramento das partes transparentes (incluindo os faróis das asas e fremes) é um pouco cansativa, dado ao tamanho minúsculo dos locais a serem isolados.

Novamente, depois de todas as peças externas fixadas, uma nova mão de primer para correção de algum erro de montagem ou espaços entre as peças.

Para realçar as placas e baixo relevo do kit, fiz “pré-shade”, passando tinta preta fosca em todas as linhas. No momento de escolher qual pintura fazer, bateu a grande dúvida: qual será a versão a ser escolhida? Descartei de imediato a versão da AFA, por ser muito comum. A pintura da gloriosa Esquadrilha da Fumaça seria uma escolha mais que natural, por sua importância e colorido. Mas, também por uma questão histórica, escolhi a guerreira pintura (e pouco conhecida) do ERA – Esquadrilha (depois, Esquadrão) de Reconhecimento e Ataque, que ao final do artigo, farei um breve resumo de suas atividades.

Foram várias pinturas adotadas, sendo a mais conhecida a “estilo Vietnã” em seu aguerrido esquema de cores, porém, procurei uma das primeiras camuflagens, que ilustra bem o início de suas atividades. Na parte inferior foi aplicada a cor FS 36622 Cinza Pérola, que depois de seca, foi isolada com fita protetora para a aplicação das duas cores na parte superior das asas e laterais da fuselagem, sendo a primeira Mediun Green H-320, que horas depois foi protegida para a aplicação de Dark Green H-309, ambas da marca Hobby Colors. Na sequência, foi iniciado um leve envelhecimento das cores aplicadas, que pela pouca utilização do esquema de pintura dos aviões verdadeiros, teve de ser bem discreta.

Para tal, usei a técnica de “pós-shade”, invertendo as cores aplicadas, um pouco de giz pastel e reforçando os realces das placas divisórias com tinta preta Valejo, diluída com água.

Depois, aplicação dos decais originais do kit e para selar todo o trabalho, uma mão de Future. Sinceramente achei muito gratificante montar o kit, que é simples, com bons encaixes e depois de montado, fica bem vistoso. Recomendo a todos àqueles que curtem o poderoso e inesquecível T-6.

Um resumo da criação dos ERA

Em 18 de junho de 1965, pela Portaria 44/GM3, foram criadas as Esquadrilhas de Reconhecimento e Ataque, com a função de “emprego em missões específicas de cooperação na manutenção da segurança interna.” A aeronave escolhida foi o T-6, por estar disponível em quantidades razoáveis e por seu desempenho satisfatório às missões propostas.

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No ano de 1965 uma unidade especial da USAF, denominada 605Th Air Command Squadron, esteve em visita a Base Aérea de Santa Cruz transmitindo suas experiências adquiridas no Vietnã, apresentando técnicas antiguerrilha aos pilotos do ERA. O resto é história!

A evolução de Esquadrilhas para Esquadrões e depois para Esquadrões Mistos (com outras aeronaves e helicópteros), permitiram que estas páginas da nossa aviação militar recente, por um certo período ficasse praticamente desconhecida.

Para quem quiser saber mais sobre os ERA, existe um belíssimo e rico trabalho de autoria do grande historiador da nossa Força Aérea, o Cel.  Av. Aparecido Camazano Alamino, publicado pelo INCAER- Instituto Histórico Cultural da Aeronáutica sob o título “Aviação de Reconhecimento e Ataque na FAB – A Saga dos Guerreiros Polivalentes”, onde a história completa, esquemas de pintura, heráldica e todas as aeronaves empregadas podem ser apreciadas. Recomendo sem ressalvas a obra com a vantagem de estar disponível para Download gratuito, é só clicar aqui: http://www2.fab.mil.br/incaer/images/eventgallery/instituto/Opusculos/Textos/opusculo_emra.pdf

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