Montando um clássico da Revell, Aerobee HI

Por Guilherme Castro

Com a inestimável ajuda dos cientistas alemães que foram para os EUA, sob os auspícios da “ Operação Paperclip”, os norte-americanos queriam ter, também, a supremacia do espaço, já visualizando a primeira viagem tripulada à Lua.

Assim, no eufórico clima do pós-guerra no ano de 1946, o Dr. James Van Allen e o Dr. Rolf Sabersky, este da empresa Aerojet General, receberam o apoio da US Navy (Marinha norte-americana) para o desenvolvimento e produção da família de foguetes Aerobee, já que Van Allen estava envolvido com o projeto de mísseis chamado de Bumblebee.

A sugestão óbvia foi juntar o nome da empresa fabricante com o nome do projeto, nascendo o Aerobee. O principal objetivo do projeto era o estudo e sondagem sub orbital e a pesquisa da então pouco conhecida camada de ozônio. O primeiro lançamento foi em 17 de maio de 1947, no Campo de Teste de Mísseis em White Sands e com apenas 55kg de carga científica, atingiu a altura de 62km. Conforme as variantes do modelo eram aperfeiçoadas, a US Navy chegou a pensar em usá-lo como míssil, usando o USS North Sound como base de testes no mar. A United States Air Force (USAF) também pensou em empregá-lo como míssil, já que era barato, mas o peso da ogiva de guerra não era o bastante para torna-lo uma arma. Portanto, seu uso para fins militares foi definitivamente descartado, ficando essa função com os Ajax, Nike e outros do arsenal balístico estadunidense. As versões do Aerobee foram; Type 75, 150, 170, 170A, 170B, 200, 300 e a 350, que foi a mais poderosa com 15,9m de comprimento , ogiva com carga útil de 200kg e podia atingir até 320km de altitude, sendo impulsionado com uma mistura líquida composta a base de álcool furfurilico e anilina. No total, foram produzidas 1.065 unidades de todos os tipos, sendo utilizado entre 1968 e 1969 no apoio às pesquisas do Programa Apolo. O último lançamento de um foguete Aerobee deu-se no ano de 1.985.

Aerojet General Aerobee HI da Revell, 1/40

A Revell americana lançou o kit no ano de 1958 com o código 1814, aproveitando o sucesso do Ano Geofísico Internacional de 1957 e a acirrada corrida espacial entre russos e norte-americanos, que tomavam conta dos noticiários diários internacionais. Para um molde da era de ouro do plastimodelismo, a moldagem e apresentação é excelente, começando pela estampa da caixa, onde aparece o foguete sendo preparado pela equipe de terra, tendo, ao fundo, um em posição de disparo. O conjunto completo é composto por 43 peças, mais três figuras, mantendo-se fiel ao original, com o foguete moldado na cor branca e as demais peças em cinza médio. Como o público alvo eram as crianças e adolescentes da época, os atrativos deste modelo eram as rodas móveis e a possibilidade de se manter em nível de disparo a unidade lançadora. Como as peças são poucas, o trabalho de montagem foi muito tranquilo, sendo que iniciei o kit pela montagem do foguete, conforme as instruções.

O segundo passo foi montar a base do chassi do transporte e finalmente, a parte articulada do lançador. Obviamente, como não teria deixar de ser, existem alguns probleminhas com marcas de sulco de injeção, facilmente corrigidas com aplicação de super bonder ou massa plástica, mas nada de estressante. Uma boa mão de primer revelou alguns pontos que deveriam ser corrigidos, pois a cor branca do plástico do corpo do foguete, engana um pouco a visão. Iniciei a pintura do foguete, usando tinta branca X-2 da Tamiya. Depois de seco, isolei o corpo para a aplicação de tinta vermelha X-7 na ogiva e tinta preta X-1, nas aletas designadas.

O braço interno de tração que faz o movimento de elevação da plataforma de lançamento, foi pintado na cor alumínio. Quanto a pintura do transportador e torre de lançamento tinha várias opções, pois poderia ser amarelo, vermelho, Navy Blue ou verde oliva, pois pelo material de pesquisa e apoio consultado, existiram várias plataformas de cores diferentes, dependendo por quem era utilizado. Como queria fazer da USAF, optei pela cor verde oliva. Não cheguei a utilizar os decais para decoração do para-choques do transportador, optando pela pintura nas cores branco e vermelha. Para finalizar, aplicação dos poucos decais de aviso ( o US Air Force veio da minha caixa de sobras de decais) e uma cobertura de “future” para selar todo o trabalho de pintura.

Queria pintar as figuras que acompanhavam o kit, mas sabia que iria enfrentar problemas com a tinta “cor da pele”, que além de não possuir, não tinha experiência para tal pintura. Mas o problema foi resolvido, graças a ajuda de meu amigo Claudio Vitorino, tesoureiro do GPPSD, um experto em militaria e montagem de figuras. Com o problema resolvido, as vestimentas ficaram por minha conta. Apenas a roupa prateada de amianto (visor em acetato transparente fiz na mão, mesmo), foi pintada com aerógrafo, e as demais figuras, à pincel.

Mas, mesmo assim achei que ainda estava faltando alguma coisa! Então, resolvi fazer uma base em plasticard. Encontrei um pedaço que estava sobrando na sede do GPPSD, fiz as marcações das placas de cimento com um scriber e depois de fazer um pré shade com tinta preta, pintei toda a superfície na cor cinza, para dar o efeito. Um outro amigo de GPPSD, Paulo (Trek) Sergio, ao ver o trabalho, achou que estava muito básico, muito liso e sem vida. Pegou a placa de plasticard, colou uma fina lâmina de madeira na parte inferior e fez alguns efeitos, adicionando grama e pedrinhas com cola branca.

Achei ótimo, dando por finalizado o trabalho e ainda conseguindo uma vinheta. Mas, mesmo assim, continuava a achar que faltava alguma coisa. Mania de plastimodelista, fazer o que? Ao separar para guardar o material de pesquisa utilizado para a montagem do kit, deparei com uma foto de um Jeep reboque, mais vistoso que cavalo de cigano e não deu outra, tinha achado a solução ! Só que não tinha o raio do Jeep, afinal, monto aviação. Mas a sorte me sorriu na Convenção do GPPSD realizado em dezembro de 2014 no PAMA-SP, comprei uma sucata de um Jeep na Monogran na escala 1/40, pela bagatela de R$ 20,00! Era um Jeep com a configuração militar, básico e antigo como ele só, com a bandoleira do fuzil M-1 e as ferramentas, estampadas diretamente nas laterais. Mas foi só tirar com uma lâmina o que estava estampado, lixar bem e pronto. A montagem foi simples e a pintura, mais ainda. A parte inferior na cor preta e a superior X-8 Lemon Yellow com um pouquinho de vermelho. Os quadrados vermelhos foram restos de uma folha de decal. Agora sim, não faltava mais nada, o veterano molde da Revell, no alto de seus 57 anos de existência, mais o jipinho da Monogran, que deve estar por essa idade, vão se juntar, orgulhos, ao restante de minha coleção.

 

 

 

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