Guilherme P. de Castro
Não há como se dimensionar o tanto que já foi escrito sobre o Republic P-47 Thunderbolt. Rios de tinta, toneladas de papel e quilômetros de fotos estão à disposição de estudiosos, pesquisadores, historiadores e plastimodelistas, exaltando as virtudes deste guerreiro que atuou em todas as frentes de combate da 2ª Guerra Mundial.
Tem por atrativo principal, para nós, brasileiros, a nossa então recém-criada Força Aérea Brasileira, ter tido a honra de ter operado na 2ª Guerra este peso-pesado em operações nos céus da Itália. Portanto, por ser muito conhecido e dispensar comentários e apresentações, passarei diretamente à matéria que trata a montagem deste modelo.
A loja HTC Modelismo no início deste século, teve a coragem comercial de embalar em nosso país alguns kits de empresas famosas no ramo, como a Ocidental (N.A T-6 escala 1/48 com folha de decais para a Esquadrilha da Fumaça e outras versões usadas pela FAB), a Heller (helicóptero HB-350 Esquilo na escala 1/48 com decais da Marinha, Polícia Militar e Exército), O F-5E da Heller 1/72 também com decais nacionais e o Mirage IIIE na escala 1/72, com decais dos Jaguares da FAB.
Este kit, também embalado, distribuído e comercializado pela HTC, é um molde da Academy, representando o imortal P-47D Thunderbolt.
A exemplo dos kits acima citados, este também vem com uma bela gravura na tampa da caixa, representando aeronave com cores usadas pelas forças brasileiras, neste caso, o 1º Grupo de Aviação de Caça. O kit é composto de cinco árvores contendo as peças, sendo dois deles dedicados a armamentos que podem ser usados para diversas versões. Também contém um pequeno sprue com as partes transparentes e uma sugestiva folha de decais. As instruções são bem fáceis de seguir, permitindo ao plastimodelista iniciante, fazer o trabalho de montagem e pintura de forma clara e tranquila.
Montagem
Seguindo o manual, retirei as 10 peças que formam o interior do cockpit, com os pedais assoalho as paredes laterais, que são satisfatoriamente detalhadas e o assento (que não traz estampado os cintos de segurança), pedais e manche.
As portas dos trens de pouso, interior dos porões das rodas e a peça de deslize da parte transparente também foram destacadas. Retirados os excessos provenientes da árvore, passei uma camada de primer.
O próximo passo foi aplicar a cor Zinc Chromate, e fazendo um trabalho muito leve de wash com tinta preta, para realçar os relevos das partes laterais internas. O painel foi pintado na cor preta e uma leve passada de pincel seco com a cor Burnt Iron, destacaram os relevos dos marcadores, sendo que no interior dos mesmos, foram aplicadas gotículas de cola branca com a ajuda de um palito de dentes, já após sua secagem ficam brilhantes, dando o efeito de vidro.
A montagem das peças que formam o cockpit é muito tranquila, tudo se encaixa perfeitamente, assim como sua fixação na peça que forma a lateral da fuselagem. O encaixe completo das duas partes que formam a fuselagem com o interior é muito bom, não sendo necessário o uso de muita massa ou outro produto para correção de frestas.
Antes de montar as asas, o modelista deve ter em mente a versão que vai fazer, para que possa fazer a abertura dos orifícios (que vem já estampados na parte interna) , que irão ser utilizados, pois como disse, vem uma boa gama de armamentos e tanques de combustível opcionais.
Outra atenção que deve ser tomada é a colagem das três diminutas peças que formas as luzes que estão na parte inferior da asa esquerda (como no Mustang P-51), pois, se você esquecer, fica impossível fixar depois. Também é preciso escolher se quer as portas de acesso às metralhadoras calibre 50 abertas ou não. Optei em apenas deixar aberta um dos lados do cofre de armamento, expondo as quatro metralhadoras.
O capô do motor é dividido em três peças, que foram pintadas internamente na cor Zinc Chromate.
A maioria esmagadora de P-47 montados que vi, ou eram nas cores da USAAC ou do 1º Grupo de Aviação de Caça, da nossa FAB. Para fugir do convencional, resolvi fazer o meu com a pintura da Royal Air Force, que utilizou o tipo B, conhecido como Mk.I e o tipo D, com a designação Mk.II, principalmente no SEAC- South East Asia Command.
Mas preferi o convencional, tomanndo por base os P-47 ingleses que estavam estacionados no Egito, em Fayid.]
Antes de mais nada, uma base de primer em todo o modelo, para a correção de erros de montagem frestas, etc. Depois de fazer um “pré-shade”, com tinta preta nos painéis e relevos do modelo, iniciei o processo de pintura utilizando a cor Sea Grey na parte inferior. Depois de seco, isolei as partes a serem preservadas com fita protetora Tamiya, e na sequência passei na parte superior e nas laterais a cor Ocean Grey, repetindo o processo de isolamento das partes a serem mantidas e, por último, a cor Dark Green.
Depois de retiradas todas as máscaras de proteção, exceto das partes transparentes, fiz o trabalho de “wash” em todo o kit com tinta preta solúvel em água, da marca Vallejo.
Antes da aplicação dos decais, passei uma leve camada de “Future”, para uma melhor aderência dos mesmos. Depois de algumas horas, utilizando pó de giz pastel aplicado com um pincel médio, fiz alguns leves efeitos em diversos locais do kit, para dar uma aparência bem leve de uso.
Depois de tudo, para encerrar o trabalho, uma mão de verniz Dulcote da Testors e pronto, foi só tirar as máscaras que protegiam as transparências e meu P-47 estava pronto a juntar-se às lendas da Aviação Militar de minha estante. É um kit bastante interessante, que agradará os veteranos e iniciantes do hobby.